terça-feira, 7 de abril de 2009

Nicholas Carr e a Grande Mudança

Estou lendo o livro de Nicholas Carr, “A Grande Mudança, Reconectando o Mundo, de Thomas Edison ao Google”. Apesar de não ser tão recente (2007), e o assunto “Utility Computing” já ter sido bastante debatido, recomendo a leitura por ser um tema importante e atual. Carr descreve que o mundo da tecnologia está às vésperas de uma nova e profunda transformação.

Em um futuro próximo, tudo o que acontece dentro do computador - desde o processamento até o armazenamento de informações - deve migrar para a internet.“
Os documentos, assim como os aplicativos usados para criar e modificar esses arquivos, estarão guardados em servidores espalhados pela internet. O PC vai ser apenas um dos meios de acessar essas informações, a qualquer hora, de qualquer lugar. Na esfera das empresas, a mudança representa o desaparecimento de grandes servidores, por exemplo. A idéia é poderosa e tem implicações profundas e imediatas para a indústria de software e hardware, na qual prosperaram potências inquestionáveis como Microsoft e IBM. No cenário delineado por Carr, ninguém mais precisará comprar um software para ter em sua máquina o programa que deseja. Ele será um serviço disponível via internet, pago em mensalidades ou até mesmo gratuito.

O mais interessante do livro é a relação que o autor faz entre esta transformação atual e o serviço de geração elétrica há um século. O grande personagem da época foi o inventor e empresário americano Thomas Edison, que no final do século 19 levou a eletricidade para dentro das casas. A visão de Edison não só transformou o funcionamento das empresas mas alterou o ritmo de vida e a cultura da sociedade.

“Inicialmente os donos das fábricas precisavam estar também no ramo de produção de energia. Após um certo tempo, podiam fazer suas máquinas funcionarem com a corrente elétrica gerada em usinas distantes por grande companhias de serviços públicos, e que chegava às suas fábricas por meio de uma rede de cabos. “

O que garantiu este triunfo não foi a tecnologia, e sim os processos econômicos. As fornecer a muito compradores a energia gerada em centrais elétricas, as companhias chegaram a uma economia de escala em termos de produção de energia, algo que não era páreo para nenhuma fábrica individual. Para os donos das indústrias, tornou-se uma necessidade competitiva plugar as fábricas à nova rede elétrica para terem acesso a uma fonte de energia mais barata.

É claro que todas as analogias e os modelos históricos têm seus limites, e a tecnologia da informação difere da eletricidade de muitas formas importantes. Mas, elas têm grandes similaridades. Não precisam ser produzidas no local em que serão usadas. É um serviço que gera inúmeros usos que adquirem vida própria. Em um plano econômico, ambas são usadas por todo o tipo de consumidor para fazer todo o tipo de coisa e fornecem imensas economias de escala. Diferente, por exemplo, ao sistema ferroviário. Depois que os trilhos são assentados, você só pode fazer uma única coisa com eles: fazer circular trens para um lado e para outro, levando carga ou passageiros.

Conceitos como Web 2.0, Wireless, Mobile Business, Computação nas Nuvens (Cloud Computing) e SaaS (Software como Serviço) já refletem, embora em um estágio inicial, a transformação preconizada por Nicholas Carr. Recomendo uma matéria sobre Google e Computação nas Nuvens que saiu no Mundo S.A. da GloboNews em 2008, disponível em:


Problemas como segurança, latência, nível de serviço, propriedade da informação e outras restrições ainda impedem a utilização em massa do Cloud Computing. Neste aspecto, quem não se lembra dos problemas (até maiores que estes) no inicio do uso da internet ou até mesmo do internet banking (segurança). Segundo Nicholas Carr, o mesmo aconteceu com a eletricidade. No inicio, era uma força imprevisível, ainda não domesticada, e que modificava tudo em que tocava. Como no caso dos sistemas de computação atuais, todas as empresas tinham de descobrir como empregar a eletricidade em seus negócios, fazendo mudanças radicais e freqüentes em seus processos produtivos e em suas formas de organização.

“Tudo estará na grande nuvem e será mantido por empresas que serão responsáveis pela infra-estrutura operacional.”

Finalmente, a minha visão é que não chegaremos ao extremo preconizado por Nicholas Carr:“Os departamentos de TI não terão muito que fazer depois que a computação corporativa migrar de data centers privados para a nuvem”. Mas que teremos escalabilidade, redução de custos, maior retorno sobre o investimento e utilização ideal dos recursos, isto com certeza ocorrerá. O difícil cenário econômico em 2009 e dos próximos anos irá exigir dos departamentos de TI e das empresas de outsourcing ações inovadoras. Esta com certeza será uma delas.

2 comentários:

  1. Excelente !!
    Nicholas Carr deu uma sacudida na Ti, e a cada dia que passa fica mais claro que ele esta certo.
    Ti vai virar commodity, quer a gente goste ou não.
    Se alguem quiser fazer alguma coisa de computação terá que trabalhar para a Google, Amazon ou Microsoft. Ou para algum outro player da Cloud Computing.

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  2. Estou terminado de ler o livro e já passei a usar o google docs gratuitamente ao invés de pagar para a microsoft pelo uso do office.

    Ao contrario de algs exemplos que li no próprio livro sobre desvaneios de pessoas que ficaram impressionadas em relação a evolução tanto da energia elétrica qto da internet, concordo plenamente com a teoria e opinião de Nicholas Carr, pode levar mais algumas décadas, mas com certeza um dia não mais q o monitor bastará para se ter acesso à informações, servidores, aplicativos, documentos, etc.

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