Adrian Slywotzky, Brilhante estrategista da Universidade de Harvard (recomendo ler o clássico Migração de Valor de 1996 dele, adotado na maioria dos MBAs), escreveu um excelente artigo na revista HSM Management no mês de abril/2009. Ele aborda um tema que passa despercebido por muitas empresas. As associações evocadas pela palavra “rentabilidade” são, frequentemente, numéricas: total de receitas, diferença em relação às despesas e balanço de resultados. Poucos a relacionariam com a arte. Em suas palavras: “A maioria das executivos percebe apenas uma maneira de gerar lucros, que costuma ser aquela com a qual está familiarizada ou a que leu no último número de alguma revista de negócios. Mas a realidade é muito mais complexa e promissora, ultrapassa o alcance de nossa limitada imaginação”. O panorama atual é complexo. Por isso, mais do que nunca, é hora de colocar em ação as melhores qualidades. Afinal, na intensidade dos momentos difíceis reluz o talento, tanto de líderes como de estrategista.
Para os provedores de TI, a informação detalhada sobre os clientes, coletada antes da recessão, é suficiente para entender a “economia” deles ou seria preciso buscar novos dados? Por exemplo, como o comportamento de compra se altera? É preciso ir além do conhecimento acumulado, por muitas razões, e Slywotzk destaca as duas mais importantes. Primeira: além de entender a cadeia interna de valor do cliente e a situação de seus resultados, é preciso também conhecer seu processo de tomada de decisão. E esse processo muda drasticamente em tempos de recessão: aumenta a orientação para o curto prazo e a preservação do caixa, e as prioridades econômicas do cliente se modificam. Não se pode confiar exclusivamente na informação recolhida sobre os clientes; é preciso calcular como seu processo de tomada de decisão e suas prioridades econômicas se modificam durante a recessão, quando os volumes caem. Os bancos, por exemplo, estão muito menos interessados em descobrir como ampliar o crédito a clientes marginais
Em artigo recente na Harvard Business Review, intitulado “Durante a crise, provoque seus clientes”, Lay, Hewlin e Moore da TCG Advisors relatam que não há como negar: é um momento difícil para quem vende para outras empresas. Simplesmente todas estão revendo investimentos e não há verba nos orçamentos.
Bem, o que fazer então para vender mais serviços de TI. Para garantir que o cliente libere recursos para uma venda de software ou de serviços de TI, formule um ponto de vista provocante sobre um problema crítico do cliente e apresente-o a um executivo de primeira linha. Para atingir o tomador de decisões no alto da empresa, abandone métodos tradicionais de prospecção e se concentre no marketing por indicação. Uma oferta de segurança da informação, por exemplo, pode sensibilizar mais os executivos preocupados com a proteção dos dados da organização. Outra dica interessante é identificar um processo crucial para o cliente no cenário econômico do momento e formular um argumento contundente sobre a falha desse processo e o que isso significa em termos de custo e, então, vincular o problema a uma solução que ele, o provedor, pode oferecer. Por exemplo, neste momento de crise a oferta de outsourcing que resolva algum problema na gestão de riscos pode alavancar oportunidades.
"O processo deve começar com um problema do cliente, e não com os recursos do produto ou do serviço de TI. "
“A equipe comercial do provedor poderia criar, para cada cliente atual ou potencial, uma longa lista de problemas do setor ou da empresa em questão – problemas que poderiam ser abordados de forma melhor. ”
Uma técnica que recomendo para detectar a lista de problemas (atributos de valor) atuais do cliente é a inovação de valor (estratégia do oceano azul). O segredo é detectar um problema com implicações tão profundas que mesmo durante uma crise o cliente achará dinheiro para resolvê-lo. Eis um bom tema para debate.