sábado, 4 de abril de 2009

Open Innovation !! Open Source !! Open Choice ...


Muito se tem falado e escrito a respeito da inovação aberta e suas diversas aplicações. Henry Chesbrough, do Center for Open Innovation da Universidade de Berkeley (http://openinnovation.haas.berkeley.edu/), disseminou esta expressão através do seu livro Open Innovation (ainda sem tradução para o português). Ele afirma que o conceito de Inovação Aberta (Open Innovation) quebra o paradigma tradicional da Pesquisa & Desenvolvimento feito a portas fechadas, por uma única empresa. Este conceito trata a inovação como um sistema aberto onde tanto idéias externas e internas são debatidas e as melhores alternativas são selecionadas. Um dos grandes benefícios desse modelo é que as empresas conseguem dividir os riscos e custos do processo de inovação.

Don Tapscott em seu livro Wikinomics mostra que a nova arte e ciência se baseiam em quatro novas e poderosas idéias: abertura, peering (ausência de hierarquia) compartilhamento e ação global. Esses novos princípios estão substituindo algumas velhas doutrinas dos negócios. Empresas inovadoras como a P&G são muito diferentes das multinacionais hierárquicas, fechadas, cheias de segredos e isoladas que dominaram o século anterior.

O objetivo é deixar que a maior parte da atividade de pesquisa aconteça nas redes cientificas. As empresas devem se ater a solucionar os difíceis problemas de orquestração dos negócios e recursos.”
Don Tapscott, Wikinomics

Já o modelo Open Source é um exemplo claro do modelo de inovação aberta, pois envolve colaboração entre empresas, comunidade de desenvolvedores, clientes e parceiros. O modelo Open Source difere do modelo tradicional em basicamente dois aspectos: o processo de desenvolvimento, que é essencialmente uma produção colaborativa e a filosofia de propriedade intelectual, que permite a livre distribuição do código fonte, bem como o direito de modificá-lo.

" O modelo Open Source é um belo exemplo de como empresas podem atuar em ecossistemas complexos combinando inovações internas e externas. "

Conforme Sergio Taurion da IBM, Open Innovation com Open Source pode se dar de várias formas. Podemos identificar o modelo de “Pooled R&D”, tipicamente representado pelos projetos Linux e Mozilla, onde diversas empresas e a comunidade pesquisam e desenvolvem o software de forma colaborativa. Outro modelo é o Spinout representado pelo Eclipse que é um exemplo prático e bem sucedido do modelo de Open Innovation, onde empresas concorrentes podem criar redes de inovação, cooperando no desenvolvimento de softwares Open Source, que servirão de base para produtos específicos (proprietários), com os quais concorrerão no mercado.

No Livro The Game-Changer ou “O Jogo da Liderança”, A.G. Lagley, CEO da P&G e o guru Ram Charam mostram como funciona a inovação aberta na Procter & Gamble. O principal radar é o portal Connect & Develop, criado em 2003. Ele está conectado com outros quatro portais: NineSigma, yet2, YourEncore e Innocentive. Segundo os autores, a principal característica do portal C&D é a disposição de todas as pessoas da P&G de se manterem psicologicamente abertas a novas idéias e levá-las a sério, independentemente de sua origem, desenvolvendo, dessa forma, uma rede de inovação aberta e global que possa se conectar com os pesquisadores ao redor do mundo e os melhores produtos para serem reaplicados. No nosso mercado de tecnologia da informação, empresas como IBM e TCS já estão bastante avançadas neste conceito. Algumas utilizam a expressão Co-Innovation (Collaboration Innovation) para denominar esta nova onda.

Em 2008 ocorreu em São Paulo o Open Innovation Seminar 2008, que deverá se repetir em 2009. Este evento contou com a presença do Henry Chessbrough e com pesquisadores de empresas nacionais e internacionais que já estão praticando em larga escala este tipo de inovação, a exemplo da Embraer, IBM e Natura. Os vídeos deste evento estão disponíveis no youtube. Recomendo o vídeo com a palestra de Cesar Taurion sobre as diversas iniciativas da IBM relacionadas com o tema (Innovation Jam, Institute for Business Value, GIO, Co-Innovation e outras), disponível em:


No youtube, também pode ser encontrado um excelente vídeo de um evento realizado na Universidade de Berkeley pela IBM e British Telecom sobre o assunto. Recomendo o vídeo sobre Open Innovation in Services com Steve Wright, Head of Strategic Research da British Telecom. É interessante o debate entre o palestrante e o brasileiro Jean Paul Jacob, cientista da IBM e professor da Caltech.

Finalmente, diante da cada vez maior disseminação da open innovation e do open source, como também diante do atual cenário de crise mundial, é de se esperar que veremos cada vez mais artigos e cases de utilização dos dois conceitos em conjunto. É a ciência cada vez mais a serviço do negócio. Com o Open Innovation e Open Source, podemos realizar escolha (Open Choice). Como já dizia Gary Hamel, famoso estrategista, você não pode ser um inovador sem ponto de vista revolucionário. Vá além do horizonte, descobrir o não convencional, imaginar o inimaginado. Boa parte do que está mudando simplesmente não é visto de onde você está sentado. Sua visão está obstruída. É preciso levantar-se da cadeira e buscar novas experiências, ir a novos lugares, aprender novas coisas, relacionar-se com novas pessoas. Você deve tornar-se um viciado em novidades. Open Innovation e Open Source tem tudo a ver com isto.

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