quarta-feira, 8 de abril de 2009

A Crise e os Recursos Estratégicos das Empresas

Na revista Exame de fevereiro/2009 foi publicada uma matéria sobre a difícil decisão de cortar gastos em momentos de crise. Segundo a revista, a crise vem colocando uma situação algumas vezes inevitável diante dos executivos: a demissão em massa. Mas como definir rapidamente como e onde demitir sem comprometer o futuro? Desde o final do ano passado, quando os primeiros sinais da crise apareceram por aqui, executivos e empresários brasileiros reincorporaram a seu vocabulário expressões como "corte de pessoal" e "demissão em massa. A redução de cerca de 4.000 empregos em fevereiro na Embraer foi um claro sinal de que a crise chegou ao mercado real.

Diante do cenário atual, um deslize comum é a tentação de seguir o caminho mais simples e rápido e baixar metas iguais de cortes para todas as áreas da empresa. A revista diz que o preço a pagar por uma decisão tomada às pressas pode ser alto. Para determinar onde fazer os cortes de maneira eficiente, os especialistas recomendam avaliar detalhadamente toda a estrutura da companhia. Muitas empresas ainda fazem escolhas sociais - tempo de casa, pais de família, necessidades econômicas. Embora se justifiquem do ponto de vista humanitário, esses critérios não são necessariamente justos com quem dá mais resultado ou tem maior potencial. Para demitir 1 300 de seus funcionários, a Vale analisou as avaliações de desempenho de todos os funcionários das áreas atingidas pelos cortes. Os que tinham resultados mais consistentes ao longo do tempo, cumpriram ou ultrapassaram suas metas anuais e tinham características de liderança foram mantidos. Os donos das piores avaliações entraram no corte. Em geral o marketing, o contato com o cliente e desenvolvimento de produtos são áreas que não podem ser mexidas. A matéria completa da Revista Exame está disponível em:

Já a revista Harvard Business Review na sua edição de dezembro/08 publicou um artigo de Kaplan & Norton (os mesmos criadores do Balanced Scorecard) sobre o mesmo assunto. Segundo eles, em uma reação instintiva, muitos executivos cortam gastos discricionários por toda a organização durante uma crise econômica. Só que esta poda brutal e indiscriminada é um grande erro, pois não faz distinção entre programas operacionais de curto prazo e estratégicos de longo prazo. Salvo se a crise estiver ameaçando a existência da empresa, o que seus executivos devem fazer é eliminar excessos e ineficiência operacionais – e não modificar ou sacrificar iniciativas estratégicas a exemplo de inovação e gestão do conhecimento, que geram recursos para a vantagem competitiva de longo prazo.

Para ajudar a empresa a preservar e fortalecer seus programas estratégicos, os autores criaram uma uma nova categoria de despesas – despesas estratégicas (ou StratEx, no inglês) – para suplementar as categorias tradicionais de despesas de capital e despesas operacionais (OpEx). Kaplan & Norton constataram que, se não forem separadas das demais categorias e protegidas, as StratEx serão vistas como discricionárias pela diretoria. Diante de dificuldades econômicas de curto prazo, é comum a diretoria deferir ou transferir fundos de iniciativas estratégicas para honrar metas financeiras de curto prazo – um dos principais motivos da tremenda dificuldade da maioria das organizações em sustentar processos de execução da estratégia. Finalmente, criar uma categoria de financiamento de StratEx ajuda a empresa a reunir recursos para o futuro enquanto elimina os excessos do passado.

Para quem estiver interessado em maiores informações sobre o conceito de StratEx pode encontrá-lo no 4º. capítulo do livro de 2008 “A Execução Premium” de Kaplan & Norton.

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