Há bastante tempo venho pesquisando o tema “Eccossistema de PD&I” (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação). Mais recentemente estudo a inovação aberta, disruptiva, inovação de valor e colaboração em massa. Atualmente, empresas, governos e universidades devem criar redes, desenvolver parcerias e aceitar idéias externas, vindas de outras empresas, governos, universidade ou de profissionais de mercado. Neste post, porém, gostaria de abordar o conceito clássico de ecossistema de PD&I, sob o ponto de vista da colaboração dos três atores principais: Empresas, Governo e Universidade e debater alternativas para o assunto. Estava lendo um livro de Administração Estratégica de Hitt et al e me deparei com um texto interessante: “As oportunidades empreendedoras são condições nas quais novos produtos ou serviços conseguem atender a uma necessidade do mercado. Para serem empreendedoras, as empresas devem desenvolver mentalidades empreendedoras entre seus gerentes e funcionários”. Aproveitei e tentei pesquisar algo relacionado em outro livro bem conhecido: “Empreendedorismo” de Baron & Shane da Case Western / Rensselaer Polytechnic. Os autores demonstram que o processo empreendedor começa, de fato, com o reconhecimento do potencial para algo novo nas mentes de um ou mais indivíduos que, se optarem por desenvolver essas oportunidades, se tornarão empreendedores. A mudança tecnológica é a fonte mais importante de oportunidades. Possibilitam que as pessoas façam as coisas de forma nova e mais produtiva. Os autores citam também outras fontes da inovação como mudança política, regulatória, social ou demográfica.“As idéias não surgem do nada, elas quase sempre são uma combinação nova de elementos já existentes. O que é novo é a combinação – não os componentes que fazem parte dela.”
Baron & Shane
As idéias não surgem do nada. Steve Jobs já falava que inovação tem a ver com criatividade, com juntar as coisas de formas únicas. Criatividade é apenas conectar as coisas. Quando você pergunta a pessoas criativas como fizeram alguma coisa, elas se sentem um pouco culpadas, porque, na verdade, não fizeram aquilo; elas só viram aquilo. A coisa lhes pareceu tão óbvia, depois de certo tempo, porque conseguiram conectar experiências que tiveram e sintetizar coisas novas. E o motivo pelo qual elas conseguiram fazer aquilo é que tiveram mais experiência ou pensaram mais sobre suas experiências do que outras pessoas.
Por sua vez, para incentivar a inovação dentro das empresas e universidades, o governo exerce um papel fundamental no ecossistema de apoio ao empreendedor. O empreendedorismo pode transformar as economias. O professor Silvio Meira da UFPE/Cesar define a inovação como uma cadeia de valor de investimento empreendedor que tenha inovação como seu alvo principal. Segundo ele, Não se cria empresa inovadora de tecnologia com tecnologia, mas com dinheiro. A principal infraestrutura de inovação do Silicon Valley não é a universidade, nem os empreendedores de garagem ou de dormitório universitário, mas a capacidade inovadora do capital empreendedor. Mas, será o Vale do Silício é um guia ideal para um eccossistema brasileiro. Vejamos ...
Na edição de junho/2010 a revista Harvard Business Review publicou um artigo interessante sobre o tema: “Como lançar uma revolução empreendedora” de Daniel Isenberg do Babson College. O autor sugere nove ações que devem ser integradas num sistema holístico para a criação de um ecossistema de sucesso. Não queira reproduzir o Vale do Silício. A ambição de criar outro Vale do Silício leva muitos governos à frustração e ao fracasso. Ninguém duvida que é o exemplo acabado de ecossistema empreendedor. Porém, o autor afirma que a inveja é um péssimo guia por três razões. A primeira é que, ironia das ironias, nem mesmo o Vale do Silício poderia, hoje, se transformar no que é. Seu ecossistema evoluiu sob cir
cunstâncias únicas: uma forte indústria aeroespacial local, a cultura aberta da Califórnia, a relação de apoio da Stanford University com o setor, a profusão das invenções da Fairchild Semiconductor, uma política de imigração liberal para alunos de doutorado e também ... pura sorte, entre outras coisas. O Vale do Silício é, além disso, alimentado por uma superabundância de conhecimento tecnológico e técnico. Desenvolver uma “indústria baseada no conhecimento” é uma meta admirável, mas para atingi-la é preciso um investimento maciço em educação durante toda uma geração, bem como a capacidade de desenvolver propriedade intelectual de primeira categoria. O local tem igual poder também de atrair empreendedores já feitos, que rumam para lá de todas as partes do mundo.
Deve-se casar o ecossistema às condições locais. Os líderes e pesquisadores públicos podem e devem promover soluções caseiras – baseadas na realidade de suas circunstâncias específicas (recursos naturais, localização geográfica, cultura). O governo deve envolver desde o começo a iniciativa privada. O poder público não pode criar um ecossistema sozinho. Somente o setor privado tem a motivação e a perspectiva para desenvolver um mercado com fins lucrativos que se auto-sustente. Deve ser priorizadas iniciativas de alto potencial. Muitos programas em economias emergentes distribuem recursos escassos por um sem-fim de empreendimentos na base da pirâmide. E, com efeito, alguns deles elevaram radicalmente a renda de certos segmentos da população. Mas concentrar os recursos ali em detrimento de empreendimentos de alto potencial é um erro gravíssimo na opinião do autor. Marque cedo um grande gol. Um sucesso visível logo cedo ajuda a reduzir a percepção de barreiras ao empreendedorismo e de riscos. Até um sucesso modesto pode ter um impacto.
"Um caso de sucesso, ainda que único, pode ter um incrível efeito estimulante sobre um ecossistema de empreendedorismo – ao despertar a imaginação do público e inspirar imitadores."
Daniel Isenberg, HBR 06/2010
tecnologias e responsáveis por 10% do PIB daquele país) e os CEOs do Vale do Silicio, mas as comparações param por aí. O governo reforçou vários elementos do ecossistema mais ou menos simultaneamente. Incentivou a pesquisa sobre o projeto e a produção de circuitos integrados, criou o Hsinchu Science Park perto de Taipei, passou a promover programas de capacitação na área de circuitos integrados, criou vínculos com empresários taiwaneses do setor de tecnologia radicados nos Estados Unidos e aprovou leis para incentivar o desenvolvimento de uma indústria de capital de risco local. Ainda na Research-Tecnology Management, em um artigo sobre “Outsourcing Innovation”, dois pesquisadores do INSEAD concluíram, a partir de um estudo, que dentro do conceito de Ecossistema de PD&I, existe cada vez mais atividades de inovação e serviços sendo realizados dentro do ecossistema, por qualquer ator envolvido e não apenas por um monopólio. Isto lembra a Hélice Tripla. “O poder público precisa explorar toda experiência local disponível e se lançar a uma contínua experimentação. Por exemplo, mudar uma variável (ex. sistema jurídico/regulatório) de forma que constate se essas mudanças afetam uma ou mais variáveis (ex. maior participação da iniciativa privada).”
s custos fixos, de uma dada inovação, sobre mais unidades de produto do que uma firma pequena. Nesse aspecto a pesquisa e a transferência de tecnologia para a iniciativa privada é uma alternativa de ecossistema que pode ser explorada de forma maior pelo governo brasileiro, buscando também formas de remuneração sem onerar o empreendedor.
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