


Dr. Harold Kerzner

O Prince2 é parte de um conjunto de guias desenvolvidos pelo OGC (Office Government Office) do Reino Unido. Tem como objetivo auxiliar organizações em gestão de projetos, programas e portfolio. É considerado como um framework, podendo ser adaptado a qualquer tipo de projeto, incluindo P&D. Os quatro elementos do Prince2 são: Princípios, Processos, Temas e Ambiente. O Prince2 acrescenta mais três restrições envolvidas em um projeto: Qualidade, Riscos e Benefícios, além de Custos, Prazo e Escopo. Os seus Princípios abrangem uma boa justificativa para o projeto (business case contínuo em todo o projeto), aprendizado por meio da experiência, papéis e responsabilidades, gerenciamento por estágios (técnico e gerencial), gerenciamento por exceção (por meio de níveis de tolerância para cada restrição ao longo de todo o projeto), foco no produto e adaptação (tailoring, por se tratar de um framework). Os temas do Prince2 contemplam Business Case, Organização, Qualidade, Planos, Riscos, Mudanças e Progresso. O ciclo de vida inclui Starting Up a Project (SU), Initiating a Project (IP), Managing a Staging Boundary (SB) e Closing a Project (CP).
O IPMA (International Project Management Association) é um padrão europeu, com sede na Suíca e associações locais em 45 países. Trata-se de um modelo de gestão de projetos baseado em competências (níveis de conhecimento e competências necessárias para execução de cada processo). Apresenta um foco muito grande na verificação das Competências Técnicas, Contextuais e Comportamentais. O código de melhores práticas é o ICB (IPMA Competence Baseline 3.0). Outro detalhe é que o ICB possui alguns processos complementares ao PMBoK e Prince2, como por exemplo Financiamento do Projeto, Aspectos Comportamentais do Gerente do Projeto, Gestão de Conhecimentos, Gestão de Meio-Ambiente, Gestão de Aspectos Legais e Gestão de Tecnologia da Informação. A sua visão é mais internacional, uma vez que cada país possui o seu guia de melhores práticas em Project Management, conservando o núcleo do ICB.
O Scrum é uma metodologia de gestão ágil de projetos (APM – Agile Project Management). Consolida conceitos de Lean, desenvolvimento iterativo e de Gestão de Conhecimento de Nonaka & Takeuchi. É uma prática de gestão de projetos baseada em times pequenos e auto-organizados. Parte de uma lista inicial de necessidades que precisam ser priorizadas (o que deve ser realizado primeiro) e produzidas para que a visão do produto seja atingida. As necessidades priorizadas entram em um ciclo denominado Sprint que deve durar de 2 a 4 semanas, dependendo do tamanho do projeto. Cada Sprint é uma iteração que segue um ciclo (PDCA) e entrega incremento de produto pronto. O time do Scrum é formado por um Product Owner (ROI e Necessidades do Cliente), Scrum Master (Remove impedimentos do time e garante o uso correto do scrum) e um time multi-discplinar, auto-gerenciado e que produz um produto com qualidade e valor para o cliente dentro do Sprint. Um aspecto importante é a reunião diária de 15 minutos também chamada de Daily Meeting ou Stand-up Meeting. As ferramentas mais utilizadas são o Kanban (onde são visualizados o To Do, Doing, Done, Alerts e Improve). E o Burnout para acompanhamento dos projetos.
Bem, e quanto aos benefícios do uso dessas práticas em projetos de P&D. Existem vários pontos de contribuição. Citamos algumas delas ... O Prince2 apresenta algumas características que facilitam a gestão de projetos em P&D. A principal delas é o conceito de Business Case. Pelo Prince2, o Business Case de um projeto é desenvolvido no início do projeto e é mantido ao longo de seu ciclo de vida, sendo formalmente verificado por Comitê ou Investidor a cada ponto chave de decisão, e confirmado durante o período em que os benefícios são realizados. A Gestão Qualititativa e Quantitativa de Riscos no Prince2 e no PMBoK são referências na identificação, avaliação e controle das incertezas em projetos. Por se tratar, na sua maioria, de projetos de longo prazo, o conceito de proximidade do risco (além de probabilidade e impacto) inserido no Prince2 é outro ponto a ser considerado em projetos de P&D. O Gerenciamento de Exceção do Prince2 é um fator importante para P&D. Trata-se da criação e gestão de tolerâncias para cada restrição do projeto (riscos, prazos, custos, qualidade, escopo e benefícios). Caso no estágio ou projeto exista uma previsão de desvio além das tolerâncias acordadas, o projeto ou estágio está em exceção e deve ser escalado para o comitê ou investidor. Um aspecto crítico em projetos de P&D são as aquisições de tecnologias, matérias-primas e equipamentos. Envolve contratação de produtos e serviços de terceiros e Make ou Buy Analysis. No PMBoK, o gerenciamento de aquisições fornece melhores práticas em gestão de aquisições e de contratos, incluindo planejamento de contratações na fase inicial do projeto de P&D, solicitação de propostas (RFP, RFI, RFQ etc.), Métodos de seleção de fornecedores e também a gestão e encerramento de contratos.
Já o IPMA fornece o processo de Custos e Financiamento, onde são abordados aspectos relacionados de funding para a realização do projeto e também a Gestão do Conhecimento, imprescindível em projetos de P&D. No IPMA, consiste em identificar os conhecimentos relevantes, colaboração, transferência e gestão de lições aprendidas. Também abrange a responsabilidade do Project Manager no tema KM. Apesar da maioria dos projetos de P&D ser de longo prazo, em algumas situações o uso do Scrum mostra-se eficiente, principalmente pela questão envolvimento dos colaboradores. Pode ser integrado com as metodologias mais tradicionais como o PMBoK e Prince2. A utilização do Quadro Kanban fornece uma gestão visual para as atividades de P&D, como também as reuniões diárias (stand-up meeting). Utilizando-se post-its pode-se indicar prioridades ou algo a ser observado. Finalmente, recomenda-se o desenvolvimento de uma Metodologia de Gerenciamento de Projetos e Portfolio em P&D (MGPP), aplicável às pesquisas de P&D utilizando o melhor das quatros práticas apresentadas.